Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) - Enciclopédia Itaú Cultural
Instituição particular sem fins lucrativos, o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), é fundado na cidade de São Paulo, em 1947, pelo jornalista Assis Chateaubriand (1892-1968), proprietário dos Diários Associados. Com ajuda do crítico de arte, marchand e antiquário italiano Pietro Maria Bardi (1900-1999), diretor do museu da data de sua fundação até 1990, Chateaubriand forma a mais importante coleção de arte européia da América Latina. O processo de aquisição de obras dá-se principalmente entre 1947 e 1960. Bardi, ex-proprietário de galerias em Milão e Roma, tem a tarefa de procurar e selecionar as obras que deveriam ser compradas nas mais conceituadas galerias européias e norte-americanas, enquanto Chateaubriand se responsabiliza por encontrar doadores e potenciais mecenas engajados em sua causa de dotar o Brasil de um museu internacional. Seus métodos de persuasão combinam troca de favores e transações muitas vezes criticáveis. A coleção, notabilizada pelo conjunto de pinturas italianas do século XIII ao XIX e pela coleção de arte francesa, a mais extensa do museu, com destaque para os impressionistas e pós-impressionistas, revela muito do gosto de seu curador. Após os primeiros anos de aquisição, o Masp aumenta seu acervo somente com doações espontâneas de artistas e particulares.
Nos três primeiros anos de vida, o museu funciona em uma sala de 1.000 metros quadrados na sede dos Diários Associados, na rua 7 de Abril. Com projeto museográfico da arquiteta italiana Lina Bo Bardi (1914-1992), o museu abre sua portas dividido em quatro ambientes: pinacoteca, onde ficam expostas as obras do acervo; sala de exposição didática sobre a história da arte mundial, com pranchas repletas de reproduções, documentos, textos e fotografias colocados em duas folhas de vidro e sustentados por tubos de alumínio, nos quais os visitantes podiam acompanhar uma síntese do desenvolvimento da arte; sala de exposições temporárias e auditório. Essa divisão reflete sua vocação de museu gerador de conhecimento e cultura, oposta à idéia de museu como simples depositório de obras de arte. Em 1950, o Masp passa a ocupar quatro andares do mesmo edifício, e pode dessa forma ampliar sua atuação didática, que vai desde a criação do Instituto de Arte Contemporânea (IAC), com cursos de gravura, desenho, pintura, escultura e desenho industrial, da Escola de Propaganda (futura Escola Superior de Propaganda e Marketing - ESPM), da organização de seminários sobre cinema e literatura, até a criação de um corpo de baile e uma orquestra juvenil. Nota-se que o museu é pioneiro na implementação de monitores preparados pelo professor Bardi para atendimento aos visitantes. A forma de apresentação das obras também difere bastante dos outros locais de exposição da cidade na época. Sem paredes, os quadros da coleção permanente ficam suspensos por tirantes de aço, com iluminação planejada para o local.
De 1953 a 1957, é realizada turnê internacional com o acervo principal do Masp, que é elogiado e amplamente visitado em países como França, Alemanha, Bélgica, Inglaterra, Itália e Estados Unidos. Em 1958 Lina Bo Bardi projeta o edifício da avenida Paulista, atual sede do museu. É inaugurado em 1968 com a presença da rainha Elizabeth II, da Inglaterra, após a morte de seu fundador. Com estrutura de concreto e vidro, cujo corpo principal é sustentado por duas estruturas laterais sobre um vão livre de 74 metros, a nova sede do Masp torna-se um marco da arquitetura moderna, e um dos principais símbolos arquitetônicos da cidade de São Paulo. No que diz respeito à museografia, Lina Bo Bardi inova ao utilizar lâminas de cristal temperado amparadas por um bloco de concreto aparente como base para as pinturas. A intenção é imitar a posição do quadro no cavalete do artista em seu ateliê. Essas bases, que atualmente não são mais utilizadas, traziam no verso dos quadros pranchas com informações sobre o pintor e a obra. Paradoxalmente essa forma de exibição deixa de ser adotada pelo Masp no momento em que, no fim dos anos 1990, ela passa a ser estudada internacionalmente.
Além do acervo de pintura estrangeira, o Masp possui uma seção de arte nacional cujo núcleo são as obras de Candido Portinari (1903-1962), da coleção pessoal de Assis Chateaubriand. As esculturas comparecem em número menor, sobressaindo o conjunto de 73 bronzes do impressionista Edgar Degas (1834-1917). Há conjuntos de arte africana e asiática, de gravuras - obras de Francisco de Goya (1746-1828) e Max Beckmann (1884-1950) -, de desenhos - Debret (1768-1848), Tarsila do Amaral (1886-1973), Flávio de Carvalho (1899-1973) -, de cerâmica e peças arqueológicas. Mas o destaque é a coleção de pinturas, com obras de artistas como: Andrea Mantegna (ca.1431-1506), Rafael (1483-1520), Ticiano (ca.1488-1576), Jacopo Tintoretto (1519-1594), Hieronymus Bosch (ca.1450-1516) e Diego Velázquez (1599-1660).
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